Querida São Paulo

Sou paulistano tenho pressa
não tenho tempo pra isso não
de tanta pressa mudo um bairro
e não cruzo mar até o Japão

Visito na Liberdade
o bairro do sol nascente
não vou de barco ou avião
vou de metrô para o Oriente

Tenho Israel e Palestina
que não entram em conflito
Centro e Zona Sul eles residem
nos lugares respectivos

Com apenas uma passagem
uma volta no "busão"
café com pão challah lindo
e mais tarde almoço arroz sírio

O comércio é fervente
do boliviano sangue latino
e um toque coreano
com pimenta na 25

Chinês imigrante e esforçado
como todas etnias
se arrisca no comércio
mesmo com tão diferente língua

As mudas de café
retratam na Catedral da Sé
a transição do escravo afro
para o italiano que botou fé

O primeiro arrancado a força
de continente tão etnorico
para sofrer por um país
que não seria o mesmo sem seu sacrifício

O segundo enganado
com a promessa de ficar rico
fugindo de dura vida
acabou sendo iludido

A mistura é tão grande
que não há papel suficiente
para citar todas as culturas
que formam essa cidade rica e tão carente

Temos Nova York bem no centro
numa avenida que se diz paulista
mas não reflete tão bem São Paulo
quanto os moradores da periferia

Interessante meu Brasil
que de tão junto e misturado
abriga vários Brasís
de onde fogem do solo árido

Nossos conterrâneos nordestinos
com braços fortes ergueram alicerces
por onde andamos seu trabalho
sustentam as mais brilhantes teses

Da ciência nas universidades
até o comércio em barraquinhas
a certeza de São Paulo
é um toque de cada etnia

Querida São Paulo, Gustavo Henrique Otsuka da Silva - "Panda", 13 de junho de 2014.