sábado, 31 de maio de 2014

Dúvida

 E agora, o que eu posso fazer? Tenho tudo em mãos, mas parece que quanto mais facilidades temos, mais covardes ficamos, preciso agir, colocar minha idéias em prática, vencer a covardia, mover-se, ação!
 Não preciso mais de palavras ou conselhos, encontro-as de sobra nos dicionários e os encontro de sobra em poemas, preciso das manifestações do coração, preciso daquele momento em que o rosto fica determinado, com os dentes mordendo a ponto dos músculos ficarem vistosos em minhas bochechas, com olhos de águia e postura ereta.
 Sair da zona de conforto é difícil, mesmo quando sabemos que precisamos, precisamos de um tranco para sair dos limites que tendem a ser cada dia maiores e mais difíceis de serem ultrapassados, como cercas, de fato, quando não fazemos isso por nós, a vida faz, mas é melhor quando vem de dentro, é mais seguro e mais difícil, é mais amadurecedor e mais difícil, é mais motivador e mais ..... Difícil.....
 Penso demasiadamente, tenho receio de agir, o primeiro passo.... Ah.... o primeiro passo, sempre nos assombrando com sua insegurança e sombras que cobrem o caminho e deixam a incerteza, a dúvida, o desconhecido tão evitados por nós, e fico inerte à gosto das marés com cara de bobo, ao invés de tentar nadar até o paraíso que pode ser avistado, mas  não sentido enquanto não entro em ação.
  Os problemas e as dificuldades encontradas não devem ser motivo da desistência, devem ser motivo de reflexão e uso criativo da imaginação, o que fazer quando surgirem, obstáculos existem em toda parte, e o que farei quando encontrá-los? Evitá-los? Ou aprender a vencer, superar meus limites, vencer minhas fraquezas? Tornar-me mais brilhante para iluminar o meu redor e subjugar as trevas?
 Será que para ser livre preciso perder tudo? Será que se tivesse menos possibilidades eu focaria nas que tenho? Pode até ser, mas a dificuldade da escolha permite o amadurecimento, falha tão grande em minha pessoa é a indecisão, a dúvida e a incerteza que até são qualidades dependendo do contexto, mas danosas em outros.
  Medo do erro, dos dedos apontando, do que fazer se der errado mesmo com os resultados só perceptíveis daqui a muito tempo, medo do "eu te avisei", mesmo tendo todos os recursos para se virar, preciso ter mais raça, menos covardia, ser mais rua e menos garoto de apartamento, ser mais humano e menos duro comigo, ser raiz, ser forte, ser resistente.
  ..hmm... Completar..... Completar as frases com o famoso "e", se disserem eu avisei que iria dar errado direi "e?....o que devo fazer agora, desistir da vida?", se exaltarem as coisas que deram errado direi "e?....o que devo fazer agora, retratar-me?", se tudo der errado direi para eu mesmo "e?....o que deveria ter feito, não tentado?"
  A verdade é simples, preciso correr atrás de minhas ambições, enquanto não mudar minhas atitudes, nada mudará, simples assim, sair da zona de conforto, tomar atitudes, mudar o fluxo das coisas é árduo assim como uma pedra tem que ficar fixa e convicta para conseguir mudar o fluxo e a vazão de um rio, posso viver sabendo que perdi, mas não posso viver sabendo que não tentei, não é por ninguém, nem pelas coisas, é por mim, tenho que me presentear, isso não é egoismo, é amor próprio, tão necessário para ajudar os demais porque, antes de tentar arrumar o mundo dos outros, devo arrumar meu universo interior, nada de ensinar com palavras, atitudes e exemplos, esses sim funcionam

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Meu Nada é Tudo

Tenho tudo e nada...
porque esse nada é a
ausência daquilo que dá
sentido para tudo...

Esse nada preenche as
lacunas do sentido
de tudo aquilo que
é feito...

Justifica ou dá razão
para fazer ...
e não simplesmente
fazer por fazer...

O meu nada é nada
porque no seu espaço
deveria existir sentimento...
deveria ter aquela força que guia...

Esse nada é aquele
tesão de data especial...
mesmo sabendo que
não se passa de outro dia qualquer...

É a chegada simbólica
e feliz ao pódio...
ao invés da chegada com o
questionamento: é só isso?...

É o sentido do
objetivo...
A justificativa emotiva
do ser...

A força motriz jovial
de inventar moda...
sua presença amadurece
sua ausência frustra

melhor preencher o nada
com coisas boas...
do que me preencher
de justificativas...


quinta-feira, 29 de maio de 2014

Abandono

  Olha, não me leve a mal, eu sei que é importante a gente se doar um pouco, mas nesse momento quero um tempo para mim. Não estou dizendo que estou largando tudo, estou dizendo simplesmente: quero uma tarde só para meu eu interior, fazer algo que gosto, fazer algo por mim.
  É difícil porque as responsabilidades grudam e pegam um pedaço das costas, os amigos e familiares pegam um pedaço do peito, seu medo agarra e toma de empréstimo suas pernas, as pessoas que dependem de você pegam uma fatia de seus braços, e de tanto se doar, acaba se perdendo, e de tanto se emprestar o que você é, você deixa de ser quem você é, contraditório não?
  Por isso para o bem de todos, deixe-me recompor eu mesmo, não posso tornar os demais felizes se não cuidar de minha felicidade, só poderei amar dentro do amor sadio numa medida no máximo igual ao amor que tenho por mim, por isso preciso de um tempo para meu ser declarar amor a ele mesmo, para ele expandir seu coração e assim caber mais coisas, entende?
  Alguns acusarão de egoismo, mas a traição da própria vontade do ser não é um egoismo? Não é um culto doentio onde se esfacela física e mentalmente sua essência em prol da auto imagem perante o outro? Não é uma ingratidão quanto a própria saúde? Quanto à própria psique? Quanto à própria alma?
  Até onde vale a pena o papel do pai de família ausente que se doa para um trabalho que odeia para dar o mundo aos filhos? A única exigência que vejo dos filhos é a presença de seu pai feliz.
  Até onde vale a pena o papel o casal que se odeia mas permanece junto "pelo bem dos filhos", acham que as crianças são tão insensíveis a ponto de não sentirem suas angústias e frustrações? Acham que isso não afetarão sua construção?
  Somos educados e ensinamos às demais gerações para morrerem em vida em prol da próxima geração e em prol da exigência do outro, qual delas começará a viver por ela mesma e ficará feliz? Ensinando assim a mais importante meta da vida: a felicidade?
  Não abandonemos nossas responsabilidades, mas acima de tudo não nos abandonemos. Nossas responsabilidades certamente não serão cumpridas caso a morte nos ceife, tão pouco nossos amores serão correspondidos se por ventura formos para outro mundo, e para morrer, não necessariamente precisamos ir a óbito.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Topando uma proposta

Sim, está assinado com minha convicção, topo esse desafio
Entendo das frustrações possíveis,
 entendo das chances de vitória
Entendo dos amores platônicos não concretizados,
 entendo do amor que poderá ser construído
Entendo do possível abandono,
 entendo do possível acolhimento
Entendo que poderá ser difícil,
 entendo que poderei ter sorte
Entendo que não há garantias,
 entendo que posso confiar e ter fé
Entendo que terei conflitos comigo
, entendo que poderei aprender a me perdoar
Entendo que terei conflitos externos,
 entendo que poderei aprender a ser tolerante
Entendo que as variáveis são infinitas,
 entendo que poderei usar meus talentos
Entendo que a natureza é cruel,
 entendo que a criatividade é a mãe da oportunidade
Entendo que não se sabe o que é possível esperar,
 entendo que é possível aprender a ter malícia
Entendo que a mudança é contínua,
 entendo que posso ser virtuoso e fiel aos meus valores
Entendo que devo me adaptar,
 entendo que tenho o poder da mudança
Entendo que terei surpresas desagradáveis,
 entendo que sempre pode existir um recomeço
Entendo que é difícil conquistar sonhos muito grandes,
 entendo que é possível aprender a ser feliz aprendendo a admirar a grandeza do simples fenômeno vida

Portanto aceito sua proposta, esperarei portanto esse período de 9 meses e então entrarei nesse jogo, deseja-me boa sorte. Aceito a proposta da vida.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Acusado de Ser Humano

- Tá bom! Chega de pressão! Hora de me livrar dessa porra e ficar leve! Eu confesso!
  Confesso que já me frustrei, já magoei sem querer e já fui arrogante pelo calor do momento.
  Confesso que já briguei quando havia alternativas melhores, que já ignorei regras porque achei que eram estúpidas e tentei ditar regras para aqueles que equivocadamente considerei menos capazes no momento.
  Confesso que já apertei campainha e sai correndo, que já me apaixonei por alguém e não tive coragem de assumir, e que já acabei descobrindo que aquela pessoa não era quem imaginara.
  Confesso que já chorei em público depois de ficar bêbado, que já voltei carregado para casa e já paguei mico na frente de muitas pessoas.
  Confesso que já deixei para estudar na véspera, que já matei aula para dormir num parque, que já julguei alguém pela aparência e descobri que essa pessoa era maravilhosa.
  Confesso que já tentei viver um personagem que não condiz com quem sou, que já dei razão para a outra pessoa por mera compaixão mesmo ela estando errada e que já agi contra minha vontade para agradar outra pessoa.
  Confesso que já deixei de começar algo por medo, que já deixei de construir algo grande por nunca ter posto a ideia em prática e que já deixei um compromisso para depois e acabei esquecendo dele.
  Confesso que já magoei as pessoas que mais me amam, que já esqueci das que mais precisavam de mim e que já fiz algo de maneira egoísta esquecendo dos outros.
  Confesso que já agi de maneira ingrata, que já pisei na bola e dei mancada e que já falei sem pensar.
  Confesso que já exagerei nos sentimentos, que já me carreguei de culpa do que não devia e que já me flagelei por coisas que corroeram minhas entranhas com angústia e arrependimento.
  Confesso que já carreguei remorso, que já me vinguei de alguém que me prejudicou e que já tive momentos de ira.
  Confesso que já senti inveja, que já fiquei contente em ver alguém que não gostava chorando e que já julguei mal as pessoas ao meu redor.
  Portanto meritíssimo, considero-me culpado da acusação de ser humano

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Tempinho para pensar

  Abrir os olhos, tirar coberta, pés no chão, levantar, andar, pegar roupas,
     pegar toalha, ir para o banheiro, tirar roupas, ligar chuveiro, tomar banho, desligar chuveiro,
        secar-se, vestir roupas, ir para cozinha, tomar café, escovar os dentes, sair de casa.
             Condução, trabalho, almoço, trabalho, condução, casa
                 Jantar, higienizar, descansar.

  Um tempo para refletir? Sim, eu sinto falta. Uma tarde sem grandes preocupações em que eu pudesse simplesmente me dedicar ao ócio criativo. Há tempos não tenho boas idéias, há tempos que não me lembro dos meus sonhos, preciso do vazio por um momento para pensar tal qual um escritor precisa de páginas branquinhas e límpidas, mas meus dias são mais túrgidos e corridos como águas de rios inquietos do que serenos e reflexivos como bons livros.

  Sim, eu quero um tempo para refletir, pode me chamar de vagabundo, mas não é por mal, até porque minha mente inquieta tem dificuldades de ficar sem fazer nada, minha vontade pela quietude é na verdade uma tentativa de me reorganizar para refletir sobre minha caminhada, sobre minhas decisões, sobre meus caminhos, talvez uma pequena reunião em que possa dialogar com meu coração, aliás, quanto tempo não o ouço?

  Ele palpita, está ávido por discursar, excitado para dizer sobre muitas coisas pendentes e mal resolvidas, os grandes homens tiveram esse hábito ao longo da história, pararam em algum momento de suas vidas e chegaram a conclusão que deveriam se fazer em pedaços para refazer um ser grandioso, assim tentaram, assim fizeram.

  E dai que estou "atrasado no tempo"? Não estaria eu adiantado tendo em vista que a maioria das pessoas só no fim da vida começa a concluir que só tem uma chance para fazer valer sua existência? Não preciso chegar até meus 80 anos para largar tudo e começar de novo, não preciso empurrar com a barriga algo que não mais me sacia a fome. Aliás, quem disse que a vida tem roteiro certo para dizer o que é incerto?

  Não temo mais o que os outros possam pensar, nem o que os outros possam fazer comigo, o ser mais poderoso sobre meu próprio ser sou eu mesmo. Esse poder é tão grande que só costumo fracassar quando eu mesmo me convenço de que não posso, meu poder é tão forte que anula a mim ou me leva ao topo, e mais ninguém é responsável por qualquer um desses resultados: vitória ou fracasso.
  Nenhuma ofensa alheia pode me machucar a não ser que eu permita sua entrada nas entranhas da minha mente e nenhuma pressão pode domar minha criatura inigualável. Pequeno mais importante.

  Só eu sou responsável pelo meu destino, isso significa duas coisas: tenho a liberdade e a responsabilidade integral sobre essa estrutura que uso para me expressar. Ao contrário do que se pensa, a responsabilidade não é um ônus mas um bônus, pois ela significa no resultado final que o crédito é indubitavelmente meu, tanto do ganho quanto da perda. Quando acerto fico contente, quando erro, aprendo alguma coisa.
No final das contas, agir com autonomia sempre gerará um resultado produtivo. Por isso, vê se me deixar ser um pouco irresponsável e refletir aqui no meu cantinho, pois a responsabilidade disso é minha.

sábado, 24 de maio de 2014

Crônica da Pós-Depressão



  Depressão não pode ser vista como um ferimento nem tem diagnóstico preciso, atualmente, de maneira leiga e amadora, muito é falado e pouco é sentido, sendo quase imperceptível aos que convivem com o enfermo, esse, muitas vezes, não recebe a ternura ou a compaixão tão necessárias nesse momento, caracterizando uma doença realmente terrível.
  Limitação de pensamento ao invés de movimento, dor que se propaga na alma. Quem me dera fosse no corpo, porque interfere justo na felicidade e na personalidade? Meus dias escoam rapidamente e se passam como que dentro de um aquário de lados construídos de incerteza, arestas com traços fortes e bem definidos que se interceptam em vértices cada vez mais rígidos, como os comentários dos que me julgam, por que não me ajudam? Sabes todos os caminhos certos da vida incerta? Por que comete então erros e carregas frustrações?
 O aquário que embaça minha visão e minha mente, é então preenchido com uma solução, não dos problemas, mas de confusão e pensamentos desordenados e desconexos que machucam, não me deixam sentir e nem decidir, nado como um peixe, rodo em círculos nessas águas túrgidas que nunca se limpam e ficam cada vez mais sujas, rezo para que o aquário caia e quebre, libertando-me em um oceano infinito de alegrias, mas isso não chega logo, tão pouco quando queremos..............demora....................e demora................................ e demora........................................
  Aos que não conseguiram sair do aquário, aconselho que não desistam, mas não sei que métodos podem ajudar, mas aos que saíram e estão confusos como eu, nadando novamente no oceano, partilho um pouco de minhas experiências e conclusões.
  Não ligue para o tempo que passou, certamente, se você pudesse ter evitado, teria evitado, mas não é culpa sua, você tem tanto controle sobre a depressão quanto tem controle sobre a gripe, já foi e não volta, para o bem e para o mal, pensar nisso só renderá amarguras, guarde o que aprendeu, veja o que foi polido e o que foi descartado, guarde o que achar necessário e siga em frente. Por mais traumático que tenha sido e por mais que as lembranças mais pareçam sonhos do que realidades passadas, você acordou, não sei como sua vida está agora mas posso afirmar a você que os passarinhos ainda cantam de maneira tão bela como sempre fizeram, ainda tem dias com chuva, ainda tem dias com sol, ainda existem arco-íris e casais apaixonados, ainda existem também muitos pessoas mais velhas que dizem que tudo no tempos delas era melhor e a juventude com idéias contrastantes.
  Não ligue para o que os outros dizem se isso machucar, por mais que os outros estejam tentando ajudar, só você sabe o que passou e sentiu, sua doença não é como a minha, nem suas dores nem sua personalidade, faça planos, não seja duro com você mesmo, seja benevolente consigo, você tem tanta culpa quanto a pessoa que ficou em coma no hospital e tem os mesmos direitos que ela de reconstruir, estabelecer novos objetivos e perseguir novos sonhos, a diferença é que talvez as pessoas costumam ter mais dó da pessoa que ficou em coma e pensem que você está mentindo, inventando uma desculpa, se isso acontecer, faça o melhor que você pode fazer, expresse, diga o que aconteceu, diga o que pensa, use roupas que sempre teve vontade, coma aquele alimento que sempre quis experimentar, converse com estranhos, faça gentilezas, tome chuva descalço ou não faça nada disso, porque talvez suas idéias e vontades sejam mais ou menos extravagantes do que as minhas, porém, faça algumas coisa.
  Não se preocupe com as coisas, tome as providências necessárias e suas decisões com firmeza, as pessoas mais tristes que conheço confundem despreocupação com irresponsabilidade, se isso fosse verdade, não seriam duas palavras diferentes.
  Minha última manifestação, acredito que sirva para todos, doentes ou não, recuperados ou não: se não encontrou algo em meus escritos que correspondam ao que você acredita, pensa ou tem vontade, siga seu pensamento e sentimentos, você lá no fundo sabe o que tem vontade e, nem eu, nem você e nem ninguém pode dizer em que as suas decisões irão acarretar, você vai errar em algum momento igual a mim, você vai acertar em algum momento igual a mim, você pode ser bom em algo igual a mim, você pode não ser bom em algo igual a mim. Eu acredito que, entre as poucas constantes que podemos afirmar sobre a vida, a relação diretamente proporcional entre felicidade e criatividade é verdadeira, todos os dias a vida irá fornecer personagens e cenários para você, em diversas situações, você será o diretor, o protagonista, o narrador e , se souber cantar, até mesmo fará a trilha sonora, serão cenas de romance, drama, comédia, algumas parecerão até ficção e outras de ação, todas poderão ser vividas intensamente e de coração, com um toque de magia chamada criatividade, poderão ser lembradas como conquistas e superação, mais emocionantes do que qualquer cena ensaiada de qualquer filme ou teatro já feito, porém mais valiosas e com um detalhe, nunca serão encenadas novamente.


Dedicado para mim e todas as pessoas que já sofreram depressão.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Só para me lembrar

  Alívio profundo ao ver que sou tão pequeno em relação ao mundo, mas nem por isso menos importante, único e detentor de um universo inteiro só meu que se refere à minha própria pessoa. E mesmo assim, a vida segue seu fluxo indiferente comigo.
  Tão bom admitir minhas limitações, remove essa capa de prepotência e com isso inicia a caminhada para uma evolução que não me levará à perfeição, que já não é mais almejada, mas promove meu espírito mais do que quando estava no estado de presunção, fechado e orgulhoso.
  Deixar de ser duro como pedra que se fragiliza em tortuosidades e passar a escoar como as águas que se adaptam pelas adversidades sem deixar de fluir em direção ao seu objetivo.
  Aprender ensinando e ensinar aprendendo, inserir-se nesse jogo e se permitir errar,  participar dessa brincadeira e se permitir ficar sujo e negativamente visível aos demais que nada mais são do que iguais a mim
  Perder o medo da leveza porque os aplausos e as vaias são a mesma coisa, perder o medo de falar o que sente porque provavelmente alguém já sentiu à sua maneira, dividir seus problemas e compartilhar suas alegrias
  Ser simples por saber que os maiores tesouros são pequenos detalhes, ser prudente e nunca aderir à loucura de interpretar a realidade de maneira que me cause mal, pois sei que a felicidade é fruto das simples interpretações positivas dos fatos.
  Saber que todos nós somos especiais por nossa redução a esse estado de humano e que qualquer fuga a isso nos remete à infelicidade
  Olhar para dentro e apontar menos para fora, ouvir e falar com o corpo, a mente e o coração, ser expressivo e legitimar minha soberania de assumir o único papel que possuo: meu próprio ser
  É bom ser pequeno, é bom ser importante
  

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Apenas outro sermão

   Por que desperdiçam seus talentos? Por que permitem que o medo de coisas relativamente tão pequenas esterilizem sua força incomparável? Por que se acostumam a sobreviver como coitados ao invés de levantar e lutar para viver dignamente?
  Egoístas, escondem-se atrás de motivos da loucura coletiva... burros, não veem que adiar os problemas só os tornarão maiores e que inevitavelmente vão enfrentá-los em circunstâncias futuras ainda mais desvantajosas... covardes, não aceitam que não há mudança sem riscos e desconfortos, às vezes até sofrimento...Idealistas utópicos, não enxergam que a única forma de vencer o mal é quando os bons passam a ter a mesma coragem que, infelizmente, naturalmente os mal caráter já possuem.
   Dedico esse sermão a todos meus "Eus" Interiores, ordeno que sumam, mais insistem em mostrar que ainda residem em minhas profundezas nas horas em que me são mais importunos!

terça-feira, 20 de maio de 2014

Metrô e cachorrinhos(?)

   Entrei no metrô com minhas certezas e dúvidas,
 todos olhavam para os cachorrinhos fofinhos que a tv transmitia

   Um cara furou a fila, não sei dizer se por ocasião ou por hábito,
 todos olhavam para os cachorrinhos fofinhos que a tv transmitia

   Um homem empurrou uma senhora para poder entrar no vagão antes do *tuuu*
  todos olhavam para os cachorrinhos fofinhos que a tv transmitia

   Garota no banco de deficientes mexe no celular fingindo que o senhor na cadeira de rodas não existia
  todos olhavam para os cachorrinhos fofinhos que a tv transmitia

   Uma jovem muito bonita é alvo da malícia de um estranho com intenções não tão belas
  todos olhavam para os cachorrinhos fofinhos que a tv transmitia

    O vagão passa por um local onde antes ocorrera um incêndio e centenas de pessoas ficaram sem lar
  todos olhavam para os cachorrinhos fofinhos que a tv transmitia

  Passa um pedinte com machucados, não sei dizer se reais ou fictícios
todos olhavam para os cachorrinhos fofinhos que a tv transmitia

    Difícil prioridades maiores que cachorrinhos fofinhos, todos gostam de cachorrinhos fofinhos, você gosta de cachorrinhos fofinhos? Eu gosto de cachorrinhos fofinhos. Acho que todos gostamos de cachorrinhos fofinhos...Cachorrinhos fofinhos são importantes, isso não se discute. (ponto)


segunda-feira, 19 de maio de 2014

Garota do bilhete único

  Garota do bilhete único, seu desprezo por minha pessoa nessa tarde foi tão sincero e desinibido que foi digna de uma atuação holywoodiana, seu desprezo foi tão grande que ultrapassou o limite da falta de educação e entrou no campo do hilário.
  Seu olhar para o lado para conversar com sua amiga, justo no momento seguinte à minha vez de atendimento para carregar meu passaporte para a corrida seguinte no metrô, fez até eu, um apressado do quotidiano paulista lembrar que na cidade nos tratamos como números. Sua grosseria no tom de voz me fez lembrar que não mais nos tratamos como complexos seres humanos dotados de histórias únicas, ao invés disso, somos apenas mais um querendo carregar o maldito bilhete para seguir sua rotina vazia... Seus músculos expressivos da face estavam indiferentes a mim, seu olhar desencontrado aos meus mas prestando atenção em sua amiga, suas sobrancelhas de deboche pois sabe que não há nada que nós meros mortais paulistamos possamos fazer perante tal situação.
  Parabéns pela sua atuação, você  não usou sua imaginação para colorir os pequenos momentos que estão passando na vida, apenas finge que eles não existem do momento que entra em seu trabalho até o momento de saída, contribuiu para manter a cidade do jeito que ela sempre costuma ser: cinza. Realmente, em São Paulo somos atores que apesar das novas tecnologias, insistem em continuar com a tv em preto e branco.