segunda-feira, 26 de maio de 2014

Tempinho para pensar

  Abrir os olhos, tirar coberta, pés no chão, levantar, andar, pegar roupas,
     pegar toalha, ir para o banheiro, tirar roupas, ligar chuveiro, tomar banho, desligar chuveiro,
        secar-se, vestir roupas, ir para cozinha, tomar café, escovar os dentes, sair de casa.
             Condução, trabalho, almoço, trabalho, condução, casa
                 Jantar, higienizar, descansar.

  Um tempo para refletir? Sim, eu sinto falta. Uma tarde sem grandes preocupações em que eu pudesse simplesmente me dedicar ao ócio criativo. Há tempos não tenho boas idéias, há tempos que não me lembro dos meus sonhos, preciso do vazio por um momento para pensar tal qual um escritor precisa de páginas branquinhas e límpidas, mas meus dias são mais túrgidos e corridos como águas de rios inquietos do que serenos e reflexivos como bons livros.

  Sim, eu quero um tempo para refletir, pode me chamar de vagabundo, mas não é por mal, até porque minha mente inquieta tem dificuldades de ficar sem fazer nada, minha vontade pela quietude é na verdade uma tentativa de me reorganizar para refletir sobre minha caminhada, sobre minhas decisões, sobre meus caminhos, talvez uma pequena reunião em que possa dialogar com meu coração, aliás, quanto tempo não o ouço?

  Ele palpita, está ávido por discursar, excitado para dizer sobre muitas coisas pendentes e mal resolvidas, os grandes homens tiveram esse hábito ao longo da história, pararam em algum momento de suas vidas e chegaram a conclusão que deveriam se fazer em pedaços para refazer um ser grandioso, assim tentaram, assim fizeram.

  E dai que estou "atrasado no tempo"? Não estaria eu adiantado tendo em vista que a maioria das pessoas só no fim da vida começa a concluir que só tem uma chance para fazer valer sua existência? Não preciso chegar até meus 80 anos para largar tudo e começar de novo, não preciso empurrar com a barriga algo que não mais me sacia a fome. Aliás, quem disse que a vida tem roteiro certo para dizer o que é incerto?

  Não temo mais o que os outros possam pensar, nem o que os outros possam fazer comigo, o ser mais poderoso sobre meu próprio ser sou eu mesmo. Esse poder é tão grande que só costumo fracassar quando eu mesmo me convenço de que não posso, meu poder é tão forte que anula a mim ou me leva ao topo, e mais ninguém é responsável por qualquer um desses resultados: vitória ou fracasso.
  Nenhuma ofensa alheia pode me machucar a não ser que eu permita sua entrada nas entranhas da minha mente e nenhuma pressão pode domar minha criatura inigualável. Pequeno mais importante.

  Só eu sou responsável pelo meu destino, isso significa duas coisas: tenho a liberdade e a responsabilidade integral sobre essa estrutura que uso para me expressar. Ao contrário do que se pensa, a responsabilidade não é um ônus mas um bônus, pois ela significa no resultado final que o crédito é indubitavelmente meu, tanto do ganho quanto da perda. Quando acerto fico contente, quando erro, aprendo alguma coisa.
No final das contas, agir com autonomia sempre gerará um resultado produtivo. Por isso, vê se me deixar ser um pouco irresponsável e refletir aqui no meu cantinho, pois a responsabilidade disso é minha.

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