terça-feira, 27 de maio de 2014

Acusado de Ser Humano

- Tá bom! Chega de pressão! Hora de me livrar dessa porra e ficar leve! Eu confesso!
  Confesso que já me frustrei, já magoei sem querer e já fui arrogante pelo calor do momento.
  Confesso que já briguei quando havia alternativas melhores, que já ignorei regras porque achei que eram estúpidas e tentei ditar regras para aqueles que equivocadamente considerei menos capazes no momento.
  Confesso que já apertei campainha e sai correndo, que já me apaixonei por alguém e não tive coragem de assumir, e que já acabei descobrindo que aquela pessoa não era quem imaginara.
  Confesso que já chorei em público depois de ficar bêbado, que já voltei carregado para casa e já paguei mico na frente de muitas pessoas.
  Confesso que já deixei para estudar na véspera, que já matei aula para dormir num parque, que já julguei alguém pela aparência e descobri que essa pessoa era maravilhosa.
  Confesso que já tentei viver um personagem que não condiz com quem sou, que já dei razão para a outra pessoa por mera compaixão mesmo ela estando errada e que já agi contra minha vontade para agradar outra pessoa.
  Confesso que já deixei de começar algo por medo, que já deixei de construir algo grande por nunca ter posto a ideia em prática e que já deixei um compromisso para depois e acabei esquecendo dele.
  Confesso que já magoei as pessoas que mais me amam, que já esqueci das que mais precisavam de mim e que já fiz algo de maneira egoísta esquecendo dos outros.
  Confesso que já agi de maneira ingrata, que já pisei na bola e dei mancada e que já falei sem pensar.
  Confesso que já exagerei nos sentimentos, que já me carreguei de culpa do que não devia e que já me flagelei por coisas que corroeram minhas entranhas com angústia e arrependimento.
  Confesso que já carreguei remorso, que já me vinguei de alguém que me prejudicou e que já tive momentos de ira.
  Confesso que já senti inveja, que já fiquei contente em ver alguém que não gostava chorando e que já julguei mal as pessoas ao meu redor.
  Portanto meritíssimo, considero-me culpado da acusação de ser humano

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