segunda-feira, 19 de maio de 2014

Garota do bilhete único

  Garota do bilhete único, seu desprezo por minha pessoa nessa tarde foi tão sincero e desinibido que foi digna de uma atuação holywoodiana, seu desprezo foi tão grande que ultrapassou o limite da falta de educação e entrou no campo do hilário.
  Seu olhar para o lado para conversar com sua amiga, justo no momento seguinte à minha vez de atendimento para carregar meu passaporte para a corrida seguinte no metrô, fez até eu, um apressado do quotidiano paulista lembrar que na cidade nos tratamos como números. Sua grosseria no tom de voz me fez lembrar que não mais nos tratamos como complexos seres humanos dotados de histórias únicas, ao invés disso, somos apenas mais um querendo carregar o maldito bilhete para seguir sua rotina vazia... Seus músculos expressivos da face estavam indiferentes a mim, seu olhar desencontrado aos meus mas prestando atenção em sua amiga, suas sobrancelhas de deboche pois sabe que não há nada que nós meros mortais paulistamos possamos fazer perante tal situação.
  Parabéns pela sua atuação, você  não usou sua imaginação para colorir os pequenos momentos que estão passando na vida, apenas finge que eles não existem do momento que entra em seu trabalho até o momento de saída, contribuiu para manter a cidade do jeito que ela sempre costuma ser: cinza. Realmente, em São Paulo somos atores que apesar das novas tecnologias, insistem em continuar com a tv em preto e branco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário